O tempo natural das coisas efêmeras

A obra O tempo natural das coisas efêmeras surge a partir das experiências emocionais da pandemia do Covid-19. Muitos planos foram obrigados a serem desfeitos e muitas ideias passaram a não fazer mais sentido, uma resposta da natureza das coisas aos humanos em sua fragilidade de controle do tempo.
A obra, assim como minha própria existência é uma tentativa de conectar dois mundos, o natural e o artificial. O mundo da organicidade com dos circuitos eletrônicos e cada um se alimentando do outro existem enquanto houver vida do outro. Quando o alimento orgânico for devorada pelos fungos o circuito deixa de funcionar, quando o circuito for devorado pela ferrugem o orgânico deixa de ter motivos nesta relação.
Embora a natureza possa existir sem o artificial, este não pode existir sem o natural, um conhecimento sabido por todos os povos indígenas, desde os tempos onde houve a possibilidade de escolha entre conhecimento da floresta ou a arma de fogo, aos indígena coube a descoberta dos segredos orgânicos e aos branco coube a descoberta de tecnologias que substituiriam o orgânico. Ambos, sem o outro ficam entregue ao tempo que imprevisível não pode ser controlado. O tempo é a memória das coisas, não o tempo controlado, mas sim o tempo por si próprio. A relação entre ambos são registrados ao vivo e transmitidos via internet, que é a emulação da memória natural. Neste tempo, eu, o Covid-19, você, a semente, a planta, a raiz, o fruto e o circuito foram colocados em seus papéis sem suas próprias vontades. A única autenticidade em tudo isso é a memória.
solidaridade
Você pode apoiar organizações que estão lutando para proteger povos e territórios indígenas da Covid-19 na Amazônia. Doe se você é capaz ou espalha a palavra: Hutukara Yanomami Association and FOIRN.
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O tempo natural das coisas efêmeras
Antigamente o tempo não existia
A memória portanto ainda não nascera
No vazio do Universo surgiu por si só
A semente do tempo
Num rachar mudo a semente se fez viva
Assim nasce a memória
Por si só, por sua própria vontade
A única que até então é livre
A persistência além da existência humana
Ela se grava no cosmos
Nas constelações, na atmosfera
Nas rochas, plantas e rios
A memória é o tempo
Que segue seu caminho
Com humanidade ou não
Como a memória que é viva antes da gente
Quando apenas os Donos dos Universo estavam aqui
Quando apenas a Avó-Universo era presente
O tempo natural das coisas
O tempo da natureza do cosmo
O tempo do que é invisível
O tempo dos animais
O tempo das floresta
O tempo
O tempo que insistimos em controlar
Com nossas máquinas e matemática
O tempo que dividimos para dominar
O tempo que gravamos para lembrar
Antigamente não existia a noite
O tempo era o sol e trabalhávamos sem descanso
A luz do sol queimava as retinas
O calor do sol fatigava nossos corpos
Antigamente a primeira humanidade teve que buscar a noite
Roubando a partir da desobediência a divisão do dia
Com a noite veio o frio e medo
Com a noite veio o desejo de dominar o tempo
Dividimos o tempo em espaços
Yocto, zepto, pico, mili, segundo
Minuto, hora, meses, anos, séc, mil, zetta
Mas desde daquela semente no Cosmo
O tempo é por si só a memória
Incontrolável
Na tentativa de dominar o tempo
Criamos tentativas de imortalidade
Construímos memórias artificiais
Que só faz sentido para o Ego
Cidades, concreto, arquitetura
Música, Filmes, literatura
A imortalidade através de métodos
Só voltamos ao tempo natural
Quando nossas máquinas e maquinações
Mostram-se ineficiente para parar
O tempo natural das coisas
O tempo da floresta
O tempo dos fungos que devoram
Desde de antes de existimos neste planeta
O tempo da semente, broto, maturação
O tempo natural das coisas
Onde não conseguimos controlar
Com nossas máquinas e imaginação
O primeiro dourado da aurora
O último verde da fibra
Nada dura, tudo é efêmero